Diálogos Contemporâneos: Eterno Egito
André Ricardo, Anna Bella Geiger, Carolina Cordeiro, Daniel Senise, Élle de Bernardini, Lais Myrrha, Nathan Braga, Thaís Iroko e Ventura Profana
Casa Eva Klabin, RJ/BR
Jul. – Set. 2024
Texto Curatorial
Glorioso em suas aparições abundantes em museus espalhados pelo norte global — inclusive na Casa Museu Eva Klabin, que conta com o maior acervo de cultura egípcia após o desastre ocorrido em 2019 no Museu Nacional —, o Egito Antigo tem sido objeto de importantes discussões ao redor do mundo. Visto como um povo altamente arrojado nas suas descobertas materiais, visuais, científicas e tecnológicas pelos europeus, o Egito Antigo tornou-se refém da criação de uma narrativa deturpada, em que sua história e sua identidade serviram de base para o desenvolvimento da cultura ocidental.
Se hoje museus e livros didáticos são provocados a revisitar uma narrativa incompleta e simplificada, tal conquista é fruto da luta de pesquisadores, artistas e movimentos culturais egípcios ao longo das últimas décadas. Tais discussões assinalam a necessidade de compreender o Egito como o berço de uma civilização africana avançada, suas relações com outros povos africanos, como os núbios, a recuperação de sua origem e a repatriação de objetos obtidos de maneiras duvidosas ao redor do mundo. Além disso, a nossa cultura tecnológica aponta para aproximações entre o modelo de escrita pictográfico egípcio e os emojis usados cotidianamente em nossos smartphones, e o pós-vida assegurado pelo livro dos mortos e nosso desejo de continuidade propiciado pelos bancos de dados. No contexto brasileiro, não podemos deixar de ressaltar a importância do obelisco, utilizado como pedra fundadora da cidade de Brasília.
A Casa Museu Eva Klabin, tendo o Egito Antigo como ponto central de debates contemporâneos sobre questões simbólicas e políticas, amplia o recorte central da exposição principal para apresentar as maneiras como diferentes manifestações oriundas da cultura material e visual egípcia ecoam nas atuais práticas brasileiras com base na produção de dez artistas. Espalhadas pelos cômodos da casa, as obras de André Ricardo, Anna Bella Geiger, Carolina Cordeiro, Daniel Senise, Élle de Bernardini, Lais Myrrha, Nathan Braga, Thaís Iroko e Ventura Profana apontam como as discussões sobre o tempo em que habitamos só podem ser consideradas mediante uma reavaliação das leituras do passado.
Lucas Albuquerque.
Se hoje museus e livros didáticos são provocados a revisitar uma narrativa incompleta e simplificada, tal conquista é fruto da luta de pesquisadores, artistas e movimentos culturais egípcios ao longo das últimas décadas. Tais discussões assinalam a necessidade de compreender o Egito como o berço de uma civilização africana avançada, suas relações com outros povos africanos, como os núbios, a recuperação de sua origem e a repatriação de objetos obtidos de maneiras duvidosas ao redor do mundo. Além disso, a nossa cultura tecnológica aponta para aproximações entre o modelo de escrita pictográfico egípcio e os emojis usados cotidianamente em nossos smartphones, e o pós-vida assegurado pelo livro dos mortos e nosso desejo de continuidade propiciado pelos bancos de dados. No contexto brasileiro, não podemos deixar de ressaltar a importância do obelisco, utilizado como pedra fundadora da cidade de Brasília.
A Casa Museu Eva Klabin, tendo o Egito Antigo como ponto central de debates contemporâneos sobre questões simbólicas e políticas, amplia o recorte central da exposição principal para apresentar as maneiras como diferentes manifestações oriundas da cultura material e visual egípcia ecoam nas atuais práticas brasileiras com base na produção de dez artistas. Espalhadas pelos cômodos da casa, as obras de André Ricardo, Anna Bella Geiger, Carolina Cordeiro, Daniel Senise, Élle de Bernardini, Lais Myrrha, Nathan Braga, Thaís Iroko e Ventura Profana apontam como as discussões sobre o tempo em que habitamos só podem ser consideradas mediante uma reavaliação das leituras do passado.
Lucas Albuquerque.