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NaZanZa


Anna Corinna, Amador e Jr. S.P. Ltda., Burno Portella, Caio Pacela, Danielle Fonseca, Emilia Estrada, Gunga Guerra, Jonas Esteves, Ju Morais, Lucas Salgado, Luiza Coimbra, Malu Pessoa Loeb, Marcela Falci, Márcia Falcão, Mariana Magalhães, Mariana Paraízo, Otávio Barata, Reuber Marchezini, Roberto Muller, Rodrigo D'Alcântara, Sani Guerra, Stella Margarita, Teresa Stengel, Theo Deicídio, Thiago Saraiva, Vinicius Duque Estrada, Yoko Nishio.

Projeto de exposição coletiva com Aldones Nino, Anna Marques, Bárbara Machado, Camila Mira, Carole Chueke, Juliana Knopp, Juliana Pajek, Loli Brito, Lucas Albuquerque, Osvaldo Carvalho, Pietro De Biase, Silvana Marcelina, Thaís Rocha

Curadoria e pesquisa
Galeria Aymoré, RJ/BR
Dez-Fev. 2019

Texto Curatorial

Se você pode andar, você pode dançar.
Se você pode falar, você pode cantar.
Provérbio do Zimbábue


Zanza corresponde à ação de se deslocar. Palavra de origem banto, evoca nossa formação cultural de matriz africana, da qual um número significativo de pessoas trazidas da África subsaariana para o Brasil, na condição de escravizadas, eram provenientes do mundo banto-falante. O ato de zanzar se refere ainda à andar ao acaso, andar distraído, perambular. No contexto de um edital de artes visuais, que deu origem a esta exposição, a expressão compreende uma maneira de existir em trânsito, abrindo redes de pertencimento, sem ancoragem. "Estar na zanza" se refere à um conjunto de deslocamentos, sem direções definidas, no desejo de cartografar modos contemporâneos de produção artística em áreas já conhecidas e zonas ainda não habitadas. naZanza propõe, desse modo, delinear um mapeamento possível, mas não definitivo, trazendo luz a esse contínuo movimento que é "estar junto".

A exposição se organiza em três núcleos, nos quais os trabalhos zanzam em torno dos conceitos de território, palavra e corpo. O primeiro núcleo apresenta questões que permeiam as noções de território, como usos e disputas, público e privado, identidade e pertencimento. No segundo núcleo, temos a palavra e o fragmento como dispositivos de memória, como sintaxes poético-visuais que articulam tempos. Por último, o corpo alça protagonismo, enquanto materialidade mutante capaz de engendrar táticas de guerrilha poética contra leituras uniformes. No percurso que delineamos, nada é estanque, as obras e os núcleos se interseccionam com outras questões, o que reforça diálogos e perspectivas possíveis numa época em que vemos isolamentos ideológicos se intensificarem. Ao final, imbuídos do espírito da zanza, não menos zonzos, recordamos de outra máxima ancestral que aconselha "Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo."

curadoria e pesquisa

lucasalbuquerques@gmail.com