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Rosana Paulino: Novas Raízes
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O Sagrado na Amazônia


Curadoria com Paulo Herkenhoff

Andrea Fiamenghi, Arieh Wagner Lins, Arthur Omar, Berna Reale, Chico da Silva, Claudia Andujar, Coletivo de arte MAHKU, Daiara Tukano, Denilson Baniwa, Dhiani Pa'Saro, Edivânia Câmara, Elza Lima, Emanuel Nassar, Fernando Lindote, Gui Christ, Gustavo Caboco, Guy Veloso, Jair Gabriel, Lastenia Canayo, Luiz Braga, Paula Giordano, Pierre Verger, Rita Huni Kuin, Sheronawe Hakihiiwe, Teresa Bandeira, Thiago Martins de Melo, Walda Marques, Walmor Correa, Xica e Yaka Hunikuin.

Instituto Inclusartiz, RJ/BR
Jul. - Set. 2023

Texto Curatorial

A região amazônica ocupa um lugar especial na conservação do nosso planeta e também tem um papel singular de diversificação das formas de manifestação da fé e do espiritual por meio de encontros e fatos surpreendentes. A pluralidade de povos originários que habitaram o território ao longo dos séculos resultou numa rede de crenças com semelhanças e diferenças sutis entre os relevos de uma geografia cultural das religiões em uma área de 6.700.000 km², que se estende por nove países — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela — e que hoje ainda conta com 180 etnias só no Brasil.

Para os habitantes originários da Amazônia, a floresta era Nheengatu, que também é uma língua. A grande floresta equatorial da América do Sul já recebeu muitos nomes pelos colonizadores e estudiosos europeus e brasileiros – Amazônia (nas mitologias greco-romanas, as amazonas formavam uma tribo de mulheres guerreiras), Hiléia Amazônica (nome dado pelos naturalistas Alexander von Humboldt e Aimé Bonpland), Inferno, e ainda tratada como Paraíso por brancos que ocuparam ou pesquisaram seu território.

O brasileiro Alberto Rangel escreveu o livro Inferno Verde (1908), no qual levanta as agruras do clima, da natureza da selva e de todo tipo de perigo. A expressão “inferno verde” ganhou uma nova conotação em nossa época, porque agora parece que passou a se referir às queimadas, ao abatimento das árvores, ao avanço da grilagem, ao envenenamento dos rios pelo garimpo ilegal, à invasão das terras indígenas, às situações análogas à escravidão, ao genocídio dos Yanomami e de outras etnias por massacres e fome, às investidas de missionários cristãos em sua guerra antropológica e, finalmente, à conivência e ação concreta do governo brasileiro recente para o agravamento deste quadro apocalíptico.

A exposição O Sagrado na Amazônia buscou paradigmas de práticas e sistemas religiosos na região por meio de encontros culturais, trocas, sincretismos e conflitos que podem chegar ao extremo. Em contrapartida, esse amplo recorte precisou ser sintetizado no número de casos abordados, sobretudo com relação à organização de crenças indígenas. O espaço da mostra, que teve Lucas Albuquerque como curador adjunto, foi dividido em núcleos dedicados aos diversos assuntos, cada um deles acompanhado de texto de apresentação de uma forma do sagrado.

Paulo Herkenhoff e Lucas Albuquerque.

curadoria e pesquisa

lucasalbuquerques@gmail.com